


Acordei assustada
Com o som terrível de um
machado
Que a minha videira
ceifava...
Corri à janela
E em silêncio assisti a
cena que ali se passava.
Indignada perguntei:
Por que cortas minha
videira?
Friamente ele respondeu:
Essa árvore só presta
para o fogo
O que tinha de dar, já
deu!
Paralisada continuei
Assistindo minha amiga
cair, ao chão
Ela já não dava mais os
seus frutos
Mas nos dava a sombra,
em seu caramanchão...
Ela só estava doente
E precisava de certos
cuidados
E de repente eu pensei:
Será esse o meu fim, ao
seu lado?
Pois, também te dei meus
frutos
Fui viçosa
Bonita
Já dei flores
E hoje sinto em meu
corpo
Os primeiros sinais das
dores.
Já fui sombra e acolhi
Nossos filhos em meu
peito
Abriguei-te em meu
coração
Mas agora assistindo a
triste cena
Vejo-me também tombada
ao chão.
Ceifastes a vida de
minha videira
Esquecestes da sombra
amiga
E do sabor do fruto
gostoso
E “EU” árvore cansada
Pressinto que meu fim
Também é o fogo.

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